Quem, atualmente, lê um periódico do início ao fim? Ou melhor: quem atualmente lê algum periódico?
Posso responder, sem pensar muito, que poucos. E mais, especulo ainda que o número de pessoas que o faz é inversamente proporcional á sua faixa etária. Os motivos são simples:
- PubMed! O PubMed é um banco de dados que possibilita a pesquisa bibliográfica em mais de 17 milhões de referências de artigos médicos , publicados em cerca de 5.000 revistas científicas, criado pela U.S. National Library of Medicine (NLM®). Basicamente, apenas digitando as palavras-chave do tema que me interessa posso achar todos os artigos publicados em periódicos indexados sobre aquele tema, seja o "paper" publicado ontem ou há 30 anos. Fantástico! A riqueza e importância dessa ferramenta são indiscutíveis. Sendo assim, basta que minha pesquisa seja publicada em uma revista indexada, para que ela "nasça" para a comunidade científica.
- É impossivel ler 5.000 periódicos/mês, na verdade, com tantos periódicos é dificil selecionar quais ler ou não ler. Daí a importância de uma ferramenta como o PubMed que consegue selecionar, com exatidão, os "papers" específicos da sua área de interesse.
- É pouco provável que um pesquisador que lê somente temas da sua área consiga ter acesso a novas perspectivas de pesquisa, eventualmente descobertas, em outras áreas.
- A leitura pura e simples de um artigo, frequentemente, gera conclusões precipitadas. Para isso praticamente toda boa revista indexada (e aí servem como modelos a Nature, Science e NEJM) possui um corpo editorial que, a cada exemplar, contextualiza e comenta os artigos publicados, exaltando suas virtudes e limitações.
- A proliferação de pesquisadores, publicações e, consequentemente, de periódicos traz um grande problema. Nem tudo o que se publica é verdade. Talvez, muito pouco do que se publique seja, de fato, verdadeiro.
- Informações científicas publicadas em revistas indexadas ganham, para o publico leigo, status automático de verdade absoluta, gerando, ás vezes, alarde ou euforia na mídia.
Talvez devêssemos nos preocupar mais com o que lemos e mais ainda com a maneira como lemos.
Ioannidis, J. (2005). Why Most Published Research Findings Are False PLoS Medicine, 2 (8) DOI: 10.1371/journal.pmed.0020124
Eu diria que hoje, quase acabando a pos, eh que posso ler com um minimo de criterio um artigo científico.
ResponderExcluirE passo entao a ficar cada vez menos interessado neles...
Valorizo entao mais ainda a importancia de alguem que o faz com afinco como vc!! Parabéns!
Valeu Caco!
ResponderExcluirCom certeza vc tem critério suficiente para ler qualquer artigo. Agradeço o interesse pela leitura desde recém nascido blog!