Agora imagine a mesma situação, mas suponha que você tenha apenas 7 anos de idade. Faria algo diferente?
Foi exatamente isso que os psicólogos Zabelina e Robinson solicitaram a 76 alunos do ensino médio dos Estados Unidos. Um primeiro grupo de alunos deveria escrever por escrito o que fariam neste dia sem aula e um segundo grupo deveria fazer o mesmo, porém imaginando se tivessem 7 anos. O resultado revelou que os alunos que imaginaram ter 7 anos foram muito mais criativos dos que os outros. Que as crianças são criativas e os adultos menos, isso não é novidade. A pergunta é: por que isso acontece? Como um artista consegue preservar sua criatividade ao longo dos anos?
A inibição da criatividade certamente tem base na maturação e crescimento do córtex frontal, mas sofre também a influência da assimilação das normas, regras e comportamentos sociais que aprendemos serem "adequados" para uma pessoa madura. O resultado é que, á medida que as crianças crescem e se tornam adultas, passam a inibir seus impulsos e pensamentos fora das normas e padrões comuns. Poderíamos imaginar que os adultos então são menos ou nada criativos (em comparação com as crianças) pois perdem essa capacidade ao longo da fase de crescimento. Na prática não é isso que ocorre. O estudo de Zabelina mostra que, quando solicitado, podemos "ativar" nosso lado criativo (obviamente se tivermos algo de valor para expressar) imaginando mentalmente sermos crianças. Fazendo isso, podemos supor que estaríamos desinibindo mentalmente nosso córtex frontal, liberando nossa criatividade. Em 2008, Charles Limb e Allen Braun mostraram em um estudo de neuromiagem funcional, que músicos tocando Jazz desinibiam o córtex pré-frontal ao serem solicitados a improvisarem a sequência da música que ouviam.
Um exemplo prático disso ocorre diariamente em reuniões executivas, as chamadas reuniões de "brainstorming", literalmente uma tempestade cerebral de idéias criativas. Essa técnica, de autoria do publicitário americano Alex Osborn, pede que escrevamos todas as possíveis idéias sobre um determinado tema sem deliberação.
A criatividade está em todos nós (alguns mais outros menos criativos), basta saber onde encontrá-la. Talvez pensar como criança seja um bom começo.
Zabelina, D., & Robinson, M. (2010). Child’s play: Facilitating the originality of creative output by a priming manipulation. Psychology of Aesthetics, Creativity, and the Arts, 4 (1), 57-65 DOI: 10.1037/a0015644
Limb CJ, & Braun AR (2008). Neural substrates of spontaneous musical performance: an FMRI study of jazz improvisation. PloS one, 3 (2) PMID: 18301756
Parabés pelo blog Gallito!!!
ResponderExcluirExcelente inciativa, adorei os textos.
Um abração,
Caco
I liked it a lot, Gallo! Congratulations,
ResponderExcluirLove, Regina