Vamos aos campeões de prescrição em 2009, com seus nomes de marca comercializados nos EUA:
- 1º lugar (1º lugar em 2008): Xanax (Alprazolam) Benzodiazepínico.
- 2º lugar (3º lugar em 2008):Lexapro (Escitalopram) Antidepressivo.
- 3º lugar (5º lugar em 2008): Ativan (Lorazepam) Benzodiazepínico.
- 4º lugar (2º lugar em 2008): Zoloft (Sertralina) Antidepressivo.
- 5º lugar (4º lugar em 2008): Prozac (Fluoxetina) Antidepressivo.
- 6º lugar (fora da lista em 2008): Desyrel (Trazodona) Antidepressivo.
- 7º lugar (16º lugar em 2008): Cymbalta (Duloxetina) Antidepressivo.
- 8º lugar (13º lugar em 2008): Seroquel (Quetiapina) Antipsicótico*.
- 9º lugar (6º lugar em 2008):Efexor (Venlafaxina) Antidepressivo.
- 10º lugar (9º lugar em 2008): Valium (Diazepam) Benzodiazepínico.
*apesar de ser um antipsicótico o Seroquel está aprovado pelo FDA para o tratamento do transtorno bipolar em suas fases de depressão e euforia.
Bem, significa o óbvio, que menos médicos (porque a prescrição de antidepressivos não é feita só por psiquiatras, mas também por neurologistas, ginecologistas, clínicos gerais e por aí vai) estão prescrevendo esses remédios. Mas por quê? Eles eram bons o ano passado! Será que eles deixaram de ser bons remédios? Será que perderam sua eficácia? Isso não me parece muito lógico. O mais provável é que surgiram no mercado medicamentos mais modernos, avançados, fruto das últimas descobertas sobre a mente humana e a farmacogenética, que substituíram essas prescrições. Isso sim é o mais provável...
Certo?
Vários estudos mostram que a eficácia entre os diferentes tipos de antidepressivos é simplesmente a mesma. Alguns podem alegar que os novos tem menos efeitos colaterias e por isso passaram a ser mais prescritos, mas na verdade esse argumento era válido até alguns anos atrás, não é mais. Entre os antidepressivos presentes na lista dos mais vendidos nos últimos anos, não há nenhum tricíclico (aqueles antigos que davam boca seca, tontura e sono) que apesar de muito eficazes causam mais efeitos colaterais que os inibidores de recaptação de serotonina ou noradrenalina, os "Prozac like" e seus derivados.
Outro motivo pelo qual a prescrição de uma medicação (uma marca) diminui é a quebra de patente. Outros laboratórios passam a produzir o sal daquela substância e a vendê-lo a um preço menor, consequentemente o rémedio de marca (referência) perde uma fatia do mercado.
O ano de 2009 foi também marcado pela confirmação de que os antidepressivos parecem não ser superiores ao placebo no tratamento de depressões leves e moderadas. Na verdade, mesmo nas depressões graves o efeito superior ao placebo ocorre não por um aumento de eficácia do antidepressivo, mas por uma perda de eficácia do placebo á medida que a depressão cresce em gravidade.
Na meta-análise de Kirsch publicada em fevereiro de 2008, 47 ensaios clínicos foram identificados nos dados obtidos a partir do FDA. Naquele ano, Kirsch e seus colegas analisaram os estudos que avaliavam a eficácia dos 6 antidepressivos mais prescritos nos EUA (fluoxetina, venlafaxina, nefazodona, paroxetina, sertralina e citalopram).
Como a figura abaixo mostra, a eficácia dos antidepressivos estudados não se alterou em função da gravidade inicial, ao passo que a eficácia do placebo diminuiu como aumentou da severidade inicial da depressão.
Resposta: Marketing! Isso mesmo.
Veredito final dos antidepressivos em 2009: ganharam muito em vendas, mas perderam muito em credibilidade.
Kirsch I, Deacon BJ, Huedo-Medina TB, Scoboria A, Moore TJ, & Johnson BT (2008). Initial severity and antidepressant benefits: a meta-analysis of data submitted to the Food and Drug Administration. PLoS medicine, 5 (2) PMID: 18303940
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ResponderExcluirOlá Janine! Os efeitos colaterais que vc teve pela retirada da Paroxetina são comuns quando ela interrompida abruptamente (também ocorre com a Venlafaxina). É o que chamamos de síndrome de retirada que ocorre com remédios que tem meia vida curta. Existe estudos que mostram que medidas comportamentais (atividade física regular, redução do nível de estresse e terapia comportamental-cognitiva, por ex.) auxiliam bastante na redução dos sintomas. Isso não significa que as medicações não devam ou não tenham que ser utilizadas. Cada caso é um caso e deve ser analisado individualmente, ponderando-se os riscos e beneficios da tomada ou não do remédio.
ResponderExcluirGrande Gallucci,
ResponderExcluirRecebi o link para o seu blog de um colega de Floripa, muit legal!
Teu texto me lembra muito o livro da Marcia Angel (A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos). Parabéns!
Daniel Negreiros
Valeu Dani!
ResponderExcluirAbraços!
Oi Gallucci
ResponderExcluirNão conhecia o seu blog, vi o link no site do Bairral. Muito bacana viu, parabéns!!!
Adorei o texto sobre os antidepressivos... Bjão
Olá Galucci,
ResponderExcluirQue bem te encontrar e ler este texto. Faz 3 anos que faço um blog em inglês para falar sobre os problemas dos psicotrópicos.
Quanto á retirada da paroxetina:
A retirada deve ser muito lenta e, lamento informar, para muitos é uma decida aos infernos.
A lista de sintomas de abstinência tem 58 itens entre eles violência induzida pelas mudanças que a retirada causa.
Para algumas pessoas é impossível a retirada por não suportarem estes sintomas.
Infelizmente toda a literatura a este respeito encontra-se en inglês.
Segundo a conclusão da pesquisa, antidepressivos em geral são tão ou pouco mais eficientes que placebo. Posso inferir que você não prescreve antidepressivos? Pelo que os substitui?
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